segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Faro - Centro Histórico

"06 de Outubro de 2013. Faro

De Lisboa parti para Faro, a capital do Algarve. 

Já toda a gente esteve no Algarve e me falou das incríveis praias. Decidi vir antes nesta altura do ano porque, para além de ser mais barato e estar mais vazio, não vim aqui para me bronzear. Mas não recusei um banho no mar deste Algarve, onde o Mediterrâneo acaba e o Atlântico começa.

Vou começar por procurar bolos de amêndoas para comer, um doce típico desta região, e arranjar umas alfarrobas e figos para levar para o meu neto. Depois concentro-me no Centro Histórico de Faro. 

É incrível como as pessoas passam anos e anos férias nesta região e nem se dão ao trabalho de conhecer a riqueza histórica e cultural, nem que seja só deste Centro Histórico. As influências da história até na gastronomia da região. 

Quando andava a pesquisar fiquei bastante interessada na iconografia religiosa de Faro e sua ligação com a escravatura. A minha filha já cá esteve e falou-me de quatro igrejas essenciais mesmo no Centro Histórico. Vai ser por elas que vou começar."

Fotos tiradas pela minha avó nas Igrejas de Faro:





quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Introdução do diário da minha avó

"Diário de Viagens a Portugal

Sempre adorei História, em especial a História do meu país, quando era mais nova queria até ser professora e partilhar o meu conhecimento com as novas gerações e aprender algo com eles. 

Mas a vida foi dura. Fui forçada a deixar a escola muito nova para trabalhar com a minha mãe numa fábrica. Comprava os meus livrinhos, mas tenho que admitir que grande parte da minha leitura a fazia na biblioteca (ia sempre a pé até lá nos fins de semana) ou enquanto desfolhava os livros na livraria. Ninguém se importava que ficasse lá a ler, mesmo sabendo que não ia comprar nenhum livro.

A determinada altura casei e fui viver para Matosinhos, para uma pequena casinha. Não tinha tempo para ir à livraria ou à biblioteca, muito menos para me tornar professora.
Então criei outros sonhos: viajar por Portugal com a minha família. Mas a vida pregou-me outra partida. O meu marido ficou aleijado e para sempre condenado a viver acamado, sem andar e quase sem se mexer. Nunca o deixei, como poderia deixar o meu amor assim? 

Os meus sonhos perderam-se mas a minha sede de conhecimento nunca termina. Os meus filhos e o meu neto trouxeram-me de volta o desejo de ensinar e de conhecer mais da História do meu país. Sentados na cama, junto ao meu querido marido, contava-lhes todas as histórias e aventuras que sabia, mostrava-lhes livros e lia-lhes poemas. 

Então um dia, já muito doente, a terminar as suas forças, o meu marido fez-me prometer que quando ele morresse eu partiria à descoberta de tudo o que tinha deixado para trás por ele. 
Era a única coisa que queria, que fosse feliz como recompensa por todo o amor e dedicação que lhe dei a vida toda. 

Eu prometi-lhe, e quando ele morreu… parti."

Foto da minha avó quando era nova:


segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Lisboa - Palácio Fronteira


"03 de Outubro de 2013. Lisboa

Lisboa… a capital do nosso país, banhada pelo Tejo. A musa de tantos fadistas, músicos, poetas, escritores, pintores, enfim… Tanto que podia ser dito sobre esta cidade. 

Como vim aqui só de passagem visitei pouca coisa. Comecei pelo clássico dos turistas: Torre de Belém, Mosteiro dos Jerónimos, o Padrão dos Descobrimentos, o Museu da Marinha e o Planetário Calouste Gulbenkian. Fica tudo perto por isso tive que aproveitar. 

Levei merenda para hoje. Almocei perto do Jardim da Praça do Império mas a meio do almoço encontrei uma antiga colega minha da fábrica de têxteis que se mudou para cá quando a fábrica fechou. Ela mora perto do Palácio Fronteira. Praticamente arrastou-me até lá. 

Eu já o conhecia como uma exemplar de barroco e também pelos seus jardins. No final ofereceu-me um pastel de belém e convidou-me para à noite ir jantar a uma tasca e ouvir Fado. Claro que aceitei. Tenho que pensar em fazer uma nova visita a Lisboa… ainda me falta tanto para ver.

Nota: Ver outros exemplares de Barroco como o Convento de Mafra."

Foto tirada pela minha avó no Palácio Fronteira:


Coimbra - Museu Nacional de Machado e Castro

Excerto que descobri:

"19 de Setembro 2013. Coimbra.

Cidade situada no centro do país, banhada pelo rio Mondego e mais conhecida pela sua Universidade e tradição acadêmica. Já foi capital do nosso país e é das cidades mais antigas da Europa. 

Como passei a manhã em Conimbriga, a visitar as ruínas romanas, de tarde não consegui visitar metade do que queria. Mas valeu pelo notável trabalho arqueológico e pela quantidade e qualidade das ruínas. 

Visitei a Universidade (dediquei especial atenção à Biblioteca Joanina da Universidade), a Sé Velha, e ao Museu Nacional de Machado e Castro. Aqui fiquei parada durante minutos a observar a magnifíca obra de Filipe Hodart, escultor francês do século XVI que foi chamado a Portugal juntamente com outros escultores da sua época. Ele esculpiu esta “Última Ceia” entre 1530-1534, que foi colocada em exposição depois do seu restauro em 2012. 

A expressividade de cada indivíduo e a forma realista como retratou cada um mas mesmo assim conseguiu uni-los numa obra só, de forma tão dramática e coesa, tenho que concordar que é uma das melhores esculturas maneiristas portuguesas, e umas das obras pioneiras do maneirismo na Europa. As esculturas foram moldadas em barro cozido e, tal como o nome indica, representam a Última Ceia, com Cristo e os seus apóstolos."

Fotos que a minha avó tirou:

"Última Ceia", de Houdart



Museu Nacional de Machado de Castro


Foto do diário da minha avó



Amanhã publico as notas da minha avó. Ela tem dentro do diário folhas soltas com apontamentos mais gerais do que ela via. Eu vou colocando aqui.

Diário de Viagens a Portugal - explicação

Mesmo no final das aulas aconteceu uma coisa muito má. A minha única avó faleceu. A minha mãe teve que tirar as coisas da casa onde vivia e fui com ela. Descobri no quarto o seu diário de viagens mas ainda não consegui encontrar os apontamentos e fotos. Nem o mapa que lhe ofereci.

Ela criou-me, no meio dos seus livros e das suas histórias. Especialmente histórias sobre a História de Portugal, sobre cavaleiros, princesas, monstros do mar, poetas e pintores. O único sonho dela era conhecer o lugar e as obras que marcaram todas estas histórias. Mas ela não podia sair pra lado nenhum, por causa do meu avô. Quando ele morreu ela começou a planear uma grande viagem por Portugal. Queria escrever um diário das suas viagens, mas nunca o conseguiu completar…

Se eu não o visse aposto que ia parar ao lixo…