domingo, 30 de novembro de 2014

Ílhavo - Museu de Ílhavo

30 de Novembro de 2014

Hoje voltámos a casa de Ílhavo. Como é perto fomos Sábado de manhã para Aveiro. É uma cidade mesmo bonita, desde a Catedral de Aveiro ao Mosteiro de Jesus. Mas o mais particular e o que mais gostei foi de andar nos barcos Moliceiros num dos canais da Ria de Aveiro.

Jantamos por Aveiro e ficamos por lá num hotel. Domingo de manhã acordamos cedo para aproveitar o dia. Mas estávamos todos um pouco mal dispostos. Por culpa minha acho eu. Na sexta como não tive aulas de tarde aproveitei e preparei umas coisas para almoçar no dia seguinte, para compensar os meus pais pelo dinheiro que estão a gastar. A minha mãe quis ajudar mas não eu queria ajuda. Não foi lá muito boa ideia.

A fazer fronteira com o município de Aveiro está Ílhavo. Daqui partiram a maioria dos capitães de navios bacalhoeiros, especialmente de longo curso. O bacalhau muito amado por todos os portugueses e que estes homens partiam para pescar numa actividade considerada uma lenda… por causa de todos os ricos que esta aventura da pesca trazia… riscos e tristeza.

Para celebrar a ligação de ílhavo à pesca do bacalhau existe o Museu de Ílhavo. Lá está, por exemplo, uma réplica em tamanho real de um navio bacalhoeiro dos anos 20 do séc.XX. Mais o que mais gostei de ver foi as dezenas de bacalhaus vivos que tem no Museu, todos dentro de um aquário que recria o seu habitat natural.


A coragem dos que partiam e a dor dos que por cá ficavam é bem sentida quando começamos a ouvir a histórias e a ver os objetos que habitavam o seu dia-a-dia e a sua actividade. Vale mesmo a pena visitar este Museu.

Henrique Magalhães

Fotos tiradas no Museu de Ílhavo: 


quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Concurso escrita "Diário do Henrique: a minha história"


Se tens entre 12 a 17 anos podes participar neste concurso! Deverás imaginar uma aventura, de um género literário à sua escolha, que tenha como personagem principal o Henrique e a localização deve ser um (ou mais) “tesouros” emblemáticos da arte e História de Portugal que se encontrem na tua localidade de residência. Podes ainda enviar uma fotografia ou desenho que ilustre o teu texto.

Os textos premiados verão o seu texto publicado no e-book e receberam o mesmo gratuitamente!
Consulta mais informações no site diariohenrique.pt.vc

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Almancil- Igreja de São Lourenço

23 de Novembro de 2014

Chegámos muito tarde a Loulé na sexta-feira passada. Perdemos o autocarro e tivemos que vir de carro. Foi uma viagem muito cansativa, especialmente para a minha mãe que vinha a guiar. 
Como já tínhamos o quarto marcado no hotel em Loulé, chegamos e fomos logo dormir. 

Acordamos um pouco tarde de manhã e fomos passear por Loulé. 
Loulé é um local muito antigo, é certo que o homem esteve aqui presente no Paleolítico Antigo, na época dos romanos, mulçumanos, até pertencer a Portugal (D.Afonso III conquistou Loulé aos Mouros). 

Esta região sempre foi próspera, por exemplo na altura dos romanos desenvolveu-se a indústria conserveira, agricultura e exploração mineira (cobre e ferro). Os mulçumanos fizeram desenvolver ainda mais a cidade e a sua base história parte desta altura. 

Depois dos Descobrimentos até hoje, passando por vários sectores de actividade e beneficiando de boa localização e recursos naturais ricos e diversos, Loulé cresceu e prosperou. 

Visitei vários locais: o Castelo de Loulé, a Igreja Matriz, o monumento a Duarte Pacheco, o mercado... e a praia, claro. 

No Domingo fui a Almancil. 

Não é propriamente um sítio grande ou com alguma coisa de diferente ou especial. Aliás a Igreja de São Lourenço até se encontra fora da vila. 

Quando o meu pai a viu não percebeu porque fizemos aquela distância para a ver. É uma igreja branca como tantas outras. 

Mas esta igreja é uma obra prima do Barroco, não pela sua arquitectura, mas por causa do tesouro universal de azulejaria que se encontra lá dentro. 
Aliás quando foi mandada construir a ideia não era ser um templo grandioso mas sim um local reconhecido e belo pelo seu pormenor e decoração. 

Quando a Igreja de Almancil foi mandada construir (século XVIII), Portugal estava na fase final do período dos Grandes Mestres da Azulejaria portuguesa. No caso da Igreja de São Lourenço de Almancil, o autor foi Policarpo Bernardes. 

O interior é espectacular. Para além dos azulejos para que o altar foi banhado a ouro. Nunca do exterior íamos perceber a riqueza que tem lá dentro. 

Tive pena de não estar bom tempo para passarmos mais tempo na praia, mas valeu a pena. A minha avó sabia escolher, ela percebia que a Arte portuguesa não se fez com grandes obras mas com obras singulares, preciosas pela sua especificidade. 


Henrique Magalhães e Joana Henriques (a minha mãe)

Fotos da Igreja de São Lourenço de Almancil: 




segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Matosinhos- Casa de Chá

16 de Novembro de 2914

Hoje acordei cedo de mais. Sabia que só ia partir na minha visita de tarde mas estava demasiado ansioso. Levantei-me, vesti-me e tomei o pequeno-almoço a correr. Não queria perder tempo nenhum. Tinha que rever e juntar tudo o que tinha consigo sobre a Casa de Chá para a visitar com os meus pais. Sei que este nervosismo parece estranho… vou fazer algo tão simples, é só uma visita guiada.
Mas a verdade é que estou nervoso pela minha avó, quero que ela se orgulhe de mim, quero que ela saiba que vou homenagear o trabalho dela com todo o amor e com o rigor que ela tanto defendia. E isso é difícil, é um grande peso para mim.
Os meus pais ainda dormiam por isso procurei fazer pouco barulho. A julgar pelo tempo que eles demoraram a descer acho que não consegui fazer silêncio suficiente. 
Eu acabei de preparar tudo, peguei na máquina fotográfica e coloquei tudo na minha mochila. Já toda equipada para uma tarde de aventura.
Depois do almoço lá fomos nós. A meio do caminho começou a chover torrencialmente. Mas depois parou. Quando estávamos a chegar a Leça da Palmeira voltou a chover com força. A rua onde estávamos começou a encher-se de água e a minha mãe teve que dar a volta atrás com o carro. Mesmo não sabendo bem o caminho e demorando o dobro do tempo (ficamos um bocadito perdidos) finalmente chegámos lá. Tão perto do mar.
O mar estava turbulento e as nuvens que o cobriam pareciam as nuvens mais negras que tinha visto, mas a chuva já tinha parado. Decidimos então ir a pé da praia de Leça, ver o Farol e a Capela da Boa Nova.
O Farol tem um museu com coisas relacionadas com o tema mas só está aberto à quarta infelizmente. Este farol foi construído em 1926 e ainda hoje serve para ajudar a navagação. Está situado a norte foz do rio Leça e mesmo perto do Porto de Leixões, o segundo maior porto artificial de Portugal.
A capela é um pouco mais antiga. Existem registos que dizem que existe desde 1369, os frades franciscanos se instalaram aí a partir do século XIV e passado um século saíram de lá. Existia aí um convento mas aos poucos foi sendo destruído e só sobrou o que conhecemos hoje.
A Casa de Chá é bastante mais recente. Actualmente existe lá um restaurante de luxo.
A Casa de Chá de Siza Vieira foi o primeiro edifício do século XX a ser classificado monumento nacional. O arquiteto é o Álvaro Siza Vieira, nascido em Matosinhos, e só tinha 25 anos quando ainda ninguém sabia no grande e premiado arquiteto que Siza Vieira se iria tornar.
A Casa foi construída entre as rochas, junto ao mar. Parece que faz parte da paisagem, e até dentro do edifício parece que se prolonga para o mar… parece que é uma rocha com vista para o mar, mas cheia de luz.
Não muito longe daqui é a Piscina das Marés, também uma obra do Siza Vieira. Como começou a chover fomos até lá de carro e vi apenas de longe… mas lembrei-me que já tinha estado naquela piscina no verão do ano passado.
Antes de irmos embora comemos um gelado e comprámos língua da sogra, uma espécie de doce. O sabor é parecido com a bolacha dos gelados de cone, mas melhor.
Agora estou em casa a escrever este texto e a pensar se conseguirei seguir o sonho da minha avó sem o destruir. Hoje correu bem, é verdade, mas os fins-de-semana que aí vem são em locais mais distantes e que não conheço bem… vão exigir muito mais de mim.
Mas onde quer que a minha avó esteja espero que esteja orgulhosa do meu trabalho. Espero que saiba que o sonho dela não morreu com ela, mas vai viver sempre comigo.

Henrique Magalhães

Fotos da Casa de Chá:

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Lisboa- Sala da Esfera e Nónio de Pedro Nunes

"03 de Novembro de 2013. Lisboa

Decidi voltar a Lisboa para um pequeno roteiro científico.

Primeiro a Sala da Esfera no Hospital de São José.  No Hospital de São José estava alojado o colégio de Santo Antão, criado pelos jesuítas a pedido do rei (séc. XVI). Na Aula da Esfera era ensinado Matemática, e tornou-se num centro de excelência no ensino da matemática. Era nesta sala que as novidades científicas eram trazidas a Portugal.

Tudo isto veio com os descobrimentos, pois tornou-se necessário formar os nossos aventureiros homens do mar e assim criar locais que suportassem esta necessidade.

Para além de ser um dos maiores polos do ensino da Matemática, a Aula da Esfera possui uns painéis de azulejos magníficos.

De seguida, neste meu roteiro científico vou a outro local: ao Museu da Marinha, ver o Nónio, um importante instrumento de orientação naútica inventado por Pedro Nunes.

Pedro Nunes morreu antes da Aula da Esfera ser uma grande sala de ensino, mas os jesuítas levaram o seu conhecimento até lá.



Tudo isto prova que a Igreja Católica, ao contrário do que se pensa,  não obstruiu o conhecimento, bem pelo contrário! E que Portugal foi um grande polo de conhecimento científico. "

Fotos tiradas no Hospital de São José e na Sala da Esfera:


domingo, 2 de novembro de 2014

Évora - Casas Pintadas

"01 de Dezembro de 2013. Évora


Évora, pertence ao Alentejo. Um bom sítio para visitar e relaxar. 

A vista da planície alentejana era tranquilizante. Ao olhar para ela via a linha do horizonte num dia calmo na praia. De repente, uma oliveira cortou a linha e senti então o cheiro a terra que enchia o ar, não o cheiro a mar que eu teimava em recordar.

Nesse dia fui à Igreja de São Francisco, á Capela dos Ossos, às Termas Romanas, vi o Templo Romano, também conhecido por Templo de Diana. 

Enquanto procurava pelas minhas notas percebi que deixei tudo em casa. O diário, o mapa, anotações, caneta, tudo. 

Resolvi perguntar por informações turísticas para me aconselharem algo a visitar, sabia umas coisas de cabeça, ams sem mapas não ia a lado nenhum. Aconselharam-me a visitar o Forúm da Fundação Eugénio de Almeida. 

Tenho que trazer o Henrique aqui, ele ia adorar o dragão de quatro cabeças (sim, quatro cabeças) e a cuspir fogo que vi nas pinturas murais das Casas Pintadas (do século XVI)… mas nem máquina fotográfica tinha para tirar uma foto. 

Gentilmente um senhor emprestou-me a câmara dele para tirar fotos. Depois vai enviar ao meu neto pela internet."

Fotos tiradas em Évora:


sábado, 25 de outubro de 2014

Museu Soares dos Reis: Henrique Pousão

"10 de Outubro de 2013. Porto


Porto, banhado pelo Rio Douro, mesmo junto à minha cidade Matosinhos, a terra da Francesinha, das sete pontes, das Tripas à Moda do Porto, dos Clérigos, das Caves de Vinho do Porto, do Bolhão, da Sé, da Ribeira, do Castelo do Queijo e de tantos outros monumentos, sítios e iguarias. 

Conheço bem esta cidade, o único sítio que podia visitar em tardes livres. A cidade onde a minha filha escolheu para viver e onde o meu neto nasceu.

Hoje decidi passar pelo Museu Soares dos Reis, situado no Palácio das Carrancas. Já muitos reis passaram por aqui, ficam por cá os seus retratos e muitas outras obras que compõe este museu. 

Um dos artistas que mais me chama a atenção por aqui é o Henrique Pousão. Um artista que só viveu 25 anos (de 1859 até 1884) mas que deixou uma obra inovadora e onde se podem ver influências internacionais da época. 

Aqui no Museu tem muitas das suas obras naturalistas. Se tivesse que selecionar uma obra escolheria o “Auto-Retrato”, uma obra enigmática e cheia de subtilezas tão bem trabalhadas e que lhe dão uma profundidade incrível.


Hoje fico-me pelo Pousão que daqui a pouco vou buscar o Henrique à escola."

Fotos tiradas no Museu Nacional Soares dos Reis (o quadro é o auto-retrato de Pousão:


segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Silves - Castelo de Silves

"07 de Outubro de 2013. Silves

Aproveitei que estava em Faro e vim passar o dia em Silves, que faz parte do distrito de Faro.

A minha primeira visita foi ao Castelo de Silves, tão belo de um vermelho tijolo (de arenito), gasto pelo tempo. Este castelo é um dos melhores exemplares de arquitetura militar islâmica em Portugal.  
A palavra Algarve vem de Al Gharb, que significa Ocidente em árabe. Este Al Gharb, antes de ser conquistado e reconquistado pelos cristãos, pertencia ao Al Andalus, o nome que os conquistadores islâmicos davam à península Ibérica. O Algarve era então conhecido pelo Al Gharb do Al Andalus, isto é o Ocidente da zona da península Ibérica que os povos islâmicos conquistaram.

E este castelo de Silves é um dos grandes exemplares desse tempo, assim como o Poço Cisterna, que ainda se pode descer até ao nível da água para visitar (e vale mesmo a pena).

Nota: Uma das cisterna no castelo chama-se “Cisterna dos Cães”... nem vale a pena dizer porque."

Fotos tiradas em SIlves:




segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Lisboa- Museu Militar

"04 de Outubro de 2013. Lisboa

Hoje partirei para Faro, mas fiquei a noite passada em Lisboa a convite da minha colega. Estou agora à espera do autocarro de partida para Faro. 

Decidi escrever visto que fiquei a pensar no Museu Militar em especial no pintor Adriano de Sousa Lopes. 

Durante a 1º Guerra Mundial, na qual Portugal participou ao lado dos Aliados, as grandes potências levavam artistas para os campos de guerra para que, quando voltassem, pintassem o que lá viveram para a população ver. 

Portugal não fazia isso mas Sousa Lopes partiu para a guerra na mesma, queria criar uma obra que enaltecesse os militares portugueses. 

Quando voltou a sua visão não era a mesma, como acontecia aos restantes artistas (e a todos os homens). Deu bem para sentir isso ao ver as sete pinturas que estão na sala da Grande Guerra, no Museu Militar."

Fotos do Museu Militar: 

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Tomar - Convento de Cristo

"21 de Outubro de 2013. Tomar.

Aproveitei esta semana para ver a Feira de Santa Iria aqui em Tomar. 

Tomar pertence ao distrito de Santarém. O rio que atravessa a cidade é o Rio Nabão que é afluente do Rio Zêzere. Vim aqui visitar o Castelo de Tomar e o Convento de Cristo. E claro, espero ter tempo para mais. 

No Convento de Cristo estou ansiosa para ver a Janela da Sala do Capítulo, mais conhecida por Janela Manuelina. Foi construída por Diogo Arruda (entre 1510 e 1513). É dos melhores exemplares de arte manuelina, que se chama manuelina por ter sido desenvolvida no reinado de D.Manuel I e inspirava-se principalmente na época dos descobrimentos portugueses. Aliás na capa do meu diário tenho um dos símbolos mais utilizados por esta corrente: a esfera armilar.

Estou a escrever no autocarro e ao meu lado vem um rapaz, que estuda arquitetura, que a saber do objectivo da minha viagem me decidiu contar o que sabia sobre o termo charola. (sempre interessantes os temas de conversa com estranhos)

É um termo arquitetónico (que também se pode dizer deambulatório) que normalmente se aplica a uma passagem que circula uma área central. 

No caso de Tomar com objectivo religioso, visto que faz parte do obra dos templários (que inclui o castelo).

Fotos tiradas pela minha avó em Tomar:



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segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Faro - Centro Histórico

"06 de Outubro de 2013. Faro

De Lisboa parti para Faro, a capital do Algarve. 

Já toda a gente esteve no Algarve e me falou das incríveis praias. Decidi vir antes nesta altura do ano porque, para além de ser mais barato e estar mais vazio, não vim aqui para me bronzear. Mas não recusei um banho no mar deste Algarve, onde o Mediterrâneo acaba e o Atlântico começa.

Vou começar por procurar bolos de amêndoas para comer, um doce típico desta região, e arranjar umas alfarrobas e figos para levar para o meu neto. Depois concentro-me no Centro Histórico de Faro. 

É incrível como as pessoas passam anos e anos férias nesta região e nem se dão ao trabalho de conhecer a riqueza histórica e cultural, nem que seja só deste Centro Histórico. As influências da história até na gastronomia da região. 

Quando andava a pesquisar fiquei bastante interessada na iconografia religiosa de Faro e sua ligação com a escravatura. A minha filha já cá esteve e falou-me de quatro igrejas essenciais mesmo no Centro Histórico. Vai ser por elas que vou começar."

Fotos tiradas pela minha avó nas Igrejas de Faro:





quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Introdução do diário da minha avó

"Diário de Viagens a Portugal

Sempre adorei História, em especial a História do meu país, quando era mais nova queria até ser professora e partilhar o meu conhecimento com as novas gerações e aprender algo com eles. 

Mas a vida foi dura. Fui forçada a deixar a escola muito nova para trabalhar com a minha mãe numa fábrica. Comprava os meus livrinhos, mas tenho que admitir que grande parte da minha leitura a fazia na biblioteca (ia sempre a pé até lá nos fins de semana) ou enquanto desfolhava os livros na livraria. Ninguém se importava que ficasse lá a ler, mesmo sabendo que não ia comprar nenhum livro.

A determinada altura casei e fui viver para Matosinhos, para uma pequena casinha. Não tinha tempo para ir à livraria ou à biblioteca, muito menos para me tornar professora.
Então criei outros sonhos: viajar por Portugal com a minha família. Mas a vida pregou-me outra partida. O meu marido ficou aleijado e para sempre condenado a viver acamado, sem andar e quase sem se mexer. Nunca o deixei, como poderia deixar o meu amor assim? 

Os meus sonhos perderam-se mas a minha sede de conhecimento nunca termina. Os meus filhos e o meu neto trouxeram-me de volta o desejo de ensinar e de conhecer mais da História do meu país. Sentados na cama, junto ao meu querido marido, contava-lhes todas as histórias e aventuras que sabia, mostrava-lhes livros e lia-lhes poemas. 

Então um dia, já muito doente, a terminar as suas forças, o meu marido fez-me prometer que quando ele morresse eu partiria à descoberta de tudo o que tinha deixado para trás por ele. 
Era a única coisa que queria, que fosse feliz como recompensa por todo o amor e dedicação que lhe dei a vida toda. 

Eu prometi-lhe, e quando ele morreu… parti."

Foto da minha avó quando era nova:


segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Lisboa - Palácio Fronteira


"03 de Outubro de 2013. Lisboa

Lisboa… a capital do nosso país, banhada pelo Tejo. A musa de tantos fadistas, músicos, poetas, escritores, pintores, enfim… Tanto que podia ser dito sobre esta cidade. 

Como vim aqui só de passagem visitei pouca coisa. Comecei pelo clássico dos turistas: Torre de Belém, Mosteiro dos Jerónimos, o Padrão dos Descobrimentos, o Museu da Marinha e o Planetário Calouste Gulbenkian. Fica tudo perto por isso tive que aproveitar. 

Levei merenda para hoje. Almocei perto do Jardim da Praça do Império mas a meio do almoço encontrei uma antiga colega minha da fábrica de têxteis que se mudou para cá quando a fábrica fechou. Ela mora perto do Palácio Fronteira. Praticamente arrastou-me até lá. 

Eu já o conhecia como uma exemplar de barroco e também pelos seus jardins. No final ofereceu-me um pastel de belém e convidou-me para à noite ir jantar a uma tasca e ouvir Fado. Claro que aceitei. Tenho que pensar em fazer uma nova visita a Lisboa… ainda me falta tanto para ver.

Nota: Ver outros exemplares de Barroco como o Convento de Mafra."

Foto tirada pela minha avó no Palácio Fronteira:


Coimbra - Museu Nacional de Machado e Castro

Excerto que descobri:

"19 de Setembro 2013. Coimbra.

Cidade situada no centro do país, banhada pelo rio Mondego e mais conhecida pela sua Universidade e tradição acadêmica. Já foi capital do nosso país e é das cidades mais antigas da Europa. 

Como passei a manhã em Conimbriga, a visitar as ruínas romanas, de tarde não consegui visitar metade do que queria. Mas valeu pelo notável trabalho arqueológico e pela quantidade e qualidade das ruínas. 

Visitei a Universidade (dediquei especial atenção à Biblioteca Joanina da Universidade), a Sé Velha, e ao Museu Nacional de Machado e Castro. Aqui fiquei parada durante minutos a observar a magnifíca obra de Filipe Hodart, escultor francês do século XVI que foi chamado a Portugal juntamente com outros escultores da sua época. Ele esculpiu esta “Última Ceia” entre 1530-1534, que foi colocada em exposição depois do seu restauro em 2012. 

A expressividade de cada indivíduo e a forma realista como retratou cada um mas mesmo assim conseguiu uni-los numa obra só, de forma tão dramática e coesa, tenho que concordar que é uma das melhores esculturas maneiristas portuguesas, e umas das obras pioneiras do maneirismo na Europa. As esculturas foram moldadas em barro cozido e, tal como o nome indica, representam a Última Ceia, com Cristo e os seus apóstolos."

Fotos que a minha avó tirou:

"Última Ceia", de Houdart



Museu Nacional de Machado de Castro


Foto do diário da minha avó



Amanhã publico as notas da minha avó. Ela tem dentro do diário folhas soltas com apontamentos mais gerais do que ela via. Eu vou colocando aqui.

Diário de Viagens a Portugal - explicação

Mesmo no final das aulas aconteceu uma coisa muito má. A minha única avó faleceu. A minha mãe teve que tirar as coisas da casa onde vivia e fui com ela. Descobri no quarto o seu diário de viagens mas ainda não consegui encontrar os apontamentos e fotos. Nem o mapa que lhe ofereci.

Ela criou-me, no meio dos seus livros e das suas histórias. Especialmente histórias sobre a História de Portugal, sobre cavaleiros, princesas, monstros do mar, poetas e pintores. O único sonho dela era conhecer o lugar e as obras que marcaram todas estas histórias. Mas ela não podia sair pra lado nenhum, por causa do meu avô. Quando ele morreu ela começou a planear uma grande viagem por Portugal. Queria escrever um diário das suas viagens, mas nunca o conseguiu completar…

Se eu não o visse aposto que ia parar ao lixo…