segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Matosinhos- Casa de Chá

16 de Novembro de 2914

Hoje acordei cedo de mais. Sabia que só ia partir na minha visita de tarde mas estava demasiado ansioso. Levantei-me, vesti-me e tomei o pequeno-almoço a correr. Não queria perder tempo nenhum. Tinha que rever e juntar tudo o que tinha consigo sobre a Casa de Chá para a visitar com os meus pais. Sei que este nervosismo parece estranho… vou fazer algo tão simples, é só uma visita guiada.
Mas a verdade é que estou nervoso pela minha avó, quero que ela se orgulhe de mim, quero que ela saiba que vou homenagear o trabalho dela com todo o amor e com o rigor que ela tanto defendia. E isso é difícil, é um grande peso para mim.
Os meus pais ainda dormiam por isso procurei fazer pouco barulho. A julgar pelo tempo que eles demoraram a descer acho que não consegui fazer silêncio suficiente. 
Eu acabei de preparar tudo, peguei na máquina fotográfica e coloquei tudo na minha mochila. Já toda equipada para uma tarde de aventura.
Depois do almoço lá fomos nós. A meio do caminho começou a chover torrencialmente. Mas depois parou. Quando estávamos a chegar a Leça da Palmeira voltou a chover com força. A rua onde estávamos começou a encher-se de água e a minha mãe teve que dar a volta atrás com o carro. Mesmo não sabendo bem o caminho e demorando o dobro do tempo (ficamos um bocadito perdidos) finalmente chegámos lá. Tão perto do mar.
O mar estava turbulento e as nuvens que o cobriam pareciam as nuvens mais negras que tinha visto, mas a chuva já tinha parado. Decidimos então ir a pé da praia de Leça, ver o Farol e a Capela da Boa Nova.
O Farol tem um museu com coisas relacionadas com o tema mas só está aberto à quarta infelizmente. Este farol foi construído em 1926 e ainda hoje serve para ajudar a navagação. Está situado a norte foz do rio Leça e mesmo perto do Porto de Leixões, o segundo maior porto artificial de Portugal.
A capela é um pouco mais antiga. Existem registos que dizem que existe desde 1369, os frades franciscanos se instalaram aí a partir do século XIV e passado um século saíram de lá. Existia aí um convento mas aos poucos foi sendo destruído e só sobrou o que conhecemos hoje.
A Casa de Chá é bastante mais recente. Actualmente existe lá um restaurante de luxo.
A Casa de Chá de Siza Vieira foi o primeiro edifício do século XX a ser classificado monumento nacional. O arquiteto é o Álvaro Siza Vieira, nascido em Matosinhos, e só tinha 25 anos quando ainda ninguém sabia no grande e premiado arquiteto que Siza Vieira se iria tornar.
A Casa foi construída entre as rochas, junto ao mar. Parece que faz parte da paisagem, e até dentro do edifício parece que se prolonga para o mar… parece que é uma rocha com vista para o mar, mas cheia de luz.
Não muito longe daqui é a Piscina das Marés, também uma obra do Siza Vieira. Como começou a chover fomos até lá de carro e vi apenas de longe… mas lembrei-me que já tinha estado naquela piscina no verão do ano passado.
Antes de irmos embora comemos um gelado e comprámos língua da sogra, uma espécie de doce. O sabor é parecido com a bolacha dos gelados de cone, mas melhor.
Agora estou em casa a escrever este texto e a pensar se conseguirei seguir o sonho da minha avó sem o destruir. Hoje correu bem, é verdade, mas os fins-de-semana que aí vem são em locais mais distantes e que não conheço bem… vão exigir muito mais de mim.
Mas onde quer que a minha avó esteja espero que esteja orgulhosa do meu trabalho. Espero que saiba que o sonho dela não morreu com ela, mas vai viver sempre comigo.

Henrique Magalhães

Fotos da Casa de Chá:

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